Do Urbano ao Interior dos Apartamentos
A Avenida da Liberdade é um dos eixos mais relevantes da cidade de Lisboa, é uma marca da cidade.
Palco das mais importantes paradas e festas da ciadade, referência imobiliária, localização de hoteis e das marcas mais relevantes dos mais diversos sectores, a Avenida da Liberdades é hoje reflexo da sua história e do seu desenvolvimento É uma avenida com uma vida permanente e que se veste a rigor para os mais variados eventos e festas. Desde as marchas populares, que em Junho enchem a aevnida de cor e alegria até ao Natal onde as principais iluminações de Natal cintilam e lhe dão um glamour especial.
Desde sempre a avenida viveu com este movimento cosmopolita, onde toda a sociedade vive e se cruza, entre o banqueiro que sobe a avenida, o empresário que desce, o político que a atravessa, o táxi que pára à porta do hotel, o artista que se dirige para o parque Mayer ou para o teatro Tivoli juntam-se as pessoas que procuravam e procuram as mais notáveis lojas da cidade. A Avenida da Liberdade goza de uma centralidade única. Aqui é possível chegar a pé, de bicicleta, de carro, de autocarro, de metro ou de comboio. Os barcos que ligam lisboa à margem sul do rio Tejo encontram-se a uma distância a pé de 15 minutos, mas se for de metro é possível encurtar este tempo.
Qual é a génese urbanística da Avenida?
À imagem de outros eixos viários importantes na cidade de Lisboa, como a Av. Almirante Reis e a Av. Infante Santo, a avenida da Liberdade nasce em perpendicular ao Rio Tejo porque foi erguida sobre uma Ribeira que nascia no Alto do Parque Eduardo VII para o Rio. Lisboa está construída sobre 7 colinas e era normal no topo de algumas delas surgirem nascentes que de forma natural desciam pelas suas encostas em direcção ao Rio. Factor que explica a sua dimensão e amplitude.
Lê-se em alguns autores que haveria na zona dos restauradores uma zona de alargamento desta ribeira e há quem chame de Agrião ao Teatro D. Maria II por estar construído numa antiga zona de alagamento. A primeira ideia se fazer uma coisa especial neste espaço data de finais do Séc. XVIII. Surge a ideia de fazer uma Avenida à imagem do passeio publico e às grandes avenidas de Paris.
Esta ideia começa a nascer na Praça dos Restauradores e tinha como ideia subir até ao lugar onde posteriormente surgiu o Parque Eduardo VII, permitindo a ligação à zona Norte da Cidade.
Já na 2ª metade do Séc. XIX, pelas mãos de Alfredo Freire de Andrade, surge o projecto de expansão da Avenida que corresponde ao troço que ligava a Praça dos Restauradores à Praça Marquês de Pombal.
Surge assim uma avenida de estilo Romântico, larga, ampla, com várias vias de circulação e com uns passeios de dimensão generosa com vegetação que incentivam ao passeio e em determinados momentos a estar. Relativamente ao património construído encontramos, ainda hoje, muitos edifícios que testemunham o que foi na sua origem esta avenida pensada desde o início como espaço para as elites da cidade de Lisboa. Hoje a Avenida vive num misto de construções, onde encontramos três gerações de construções e intervenções.
É difícil nomear todos os edifícios de interesse arquitetónico nesta avenida, aqui coabitam várias gerações de edifícios e são vários os exemplos de arquitetura singular que encontramos ao longo deste importante eixo da cidade.
Encontramos os edifícios originais da Avenida, que podemos subdividir nos palacetes que desde a sua origem vão resistindo no meio da avenida e dou como exemplo o palacete da Fosforeira que se destaca entre outros pelas suas características Mudejares e entre estes palacetes surgem edifícios de apartamentos, de uso misto, pois a avenida foi pensada desde a origem para juntar o comercio à area residencial. De edifícios públicos encontramos grandes exemplos, nos restauradores sentimos ainda a presença do Teatro Nacional D. Maria II ou da estação de comboios, temos o edifício Éden, exemplar da “Art Deco”, o Teatro Tivoli ou o Cinema São Jorge e o imponente parque Mayer.
Temos as construções do tempo do Estado Novo, como podemos verificar com o edifício do Diário de Notícias.
E dentro desta 3ª Geração encontramos edifícios modernos e outros reabilitados e ampliados.
Neste momento a MBM Company tem desenvolvido um expertise na reabilitação de edifícios e tem ao longo da sua existência tido o privilégio de poder trabalhar nesta zona, temos a decorrer neste momento 3 projectos na zona da Avenida da Liberdade, destes 3 projectos gostava de trazer dois exemplos que demonstram o quanto a Avenida da Liberdade é especial.
Por razões de privacidade e de protecção dos nossos clientes não vou identificar de forma precisa a sua localização.
Dos exemplos que nomeei identifico um dos casos mesmo na Avenida da Liberdade e um outro numa rua perpendicular.
São ambos os casos rigorosamente da mesma época de construção, e ambos os casos foram construídos com o sistema pombalino.
Trago estes dois casos para que se possa perceber de uma forma clara a forma como a avenida foi pensada desde a sua origem e quais as consequências que se sentem no interior dos espaços.
A Avenida foi sempre pensada para um publico especial, mais abastado e isso sente-se no interior dos edifícios. Sem prejuízo de valor para as ruas adjacentes, viver e estar na Avenida é estar na Avenida.
Olhemos então para os exemplos.
Estes dois apartamentos de que estamos a tratar distam menos de 100metros e diferem em vários factores:
Pé-direito – O apartamento que está na avenida tem um pé-direito de cerca de 4,00m, enquanto o apartamento na rua perpendicular tem uma altura que não ultrapassa os 3 metros.
A organização espacial interior é idêntica, mas os compartimentos do apartamento da avenida são muito maiores do que os compartimentos do apartamento da rua perpendicular. Comparamos então uma sala de 20m2 com outra de 48m2.
Nesta época dava-se muito valor à dimensão das zonas de serviço e à existência de uma entrada de serviço independente. Questão comum em ambos os casos.
Ambos os apartamentos apresentavam uma qualidade de construção superior para a época, contudo no apartamento da Avenida sente-se maior cuidado na ornamentação e no detalhe. Sente-se esta diferença nos estuques de tectos e paredes, molduras de portas e janelas, solução de portadas, rodapés e ferragens utilizadas.
A amplitude da avenida permite que todos os compartimentos estejam inundados de luz durante quase todo o dia. O mesmo não se passa no outro apartamento que apesar de ter boa luz não tem o mesmo impacto.
O apartamento da avenida goza de uma posição privilegiada, pois está ao nível da copa das arvores, o que permite a quem esta sentado na sala estar envolto de uma paisagem verde, o que é único para um apartamento do centro de uma das principais avenidas da cidade.
A qualidade de construção de ambos os casos é inequívoca e a grande semelhança de ambos os casos é mesmo o sistema construtivo comum nesta zona da cidade de Lisboa.
Cada apartamento tem a sua história e a sua circunstância e o sistema construtivo Pombalino ou Gaioleiro é um sistema português que articula a força das paredes exteriores em alvenaria de pedra com a flexibilidade das estruturas em madeira e que teve a sua origem após o terramoto de 1755 exactamente para minimizar o impacto deste tipo de fenómenos naturais. É por isso um tipo de estrutura sísmica e que implica cuidados especiais e um expertise próprio na sua intervenção, pois todas as paredes têm a sua função.
Estes exemplos espelham o melhor da construção de Lisboa à época da construção da Avenida da Liberdade, contudo a arquitectura nesta zona conheceu uma grande evolução ao longo dos últimos anos. O desenvolvimento da cidade e as necessidades ditaram que muitos edifícios fossem substituídos por outros mais modernos e que também marcam este espaço da sua forma.
A Avenida evoluiu, mas manteve a sua essência. Do ponto de vista de vida quotidiana mantém o seu ritmo e movimento. A qualidade construtiva mantém-se e os novos edifícios não comprometem o efeito de conjunto da avenida. Aqui continuam a existir as lojas de referência da cidade e as marcas de luxo procuram-na para se instalarem. A procura residencial tem sido uma constante e relativamente aos transportes a avenida é um espaço cada vez mais central.
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