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O nosso Património | D.Maria II o Teatro

Conforme vimos anteriormente no artigo sobre a Avenida da Liberdade o Secúlo XIX marcou a consolidação do eixo que liga a principal praça da cidade, Marquês de Pombal e a baixa pombalina.


A Evolução deste eixo inspirado em grandes avenidas europeias trouxe uma inovação ao nível do comércio, dos serviços e da habitação, mas também ao nível dos equipamentos encontramos marcas importantes.


Quem desce a avenida encontra vários Teatros, com grande destaque para o Tivoli e para o parque Mayer e quem ousa passar os Restauradores para o Rossio, ou Praça D. Pedro IV depara-se com um dos edifícios mais monumentais da cidade de Lisboa, O teatro D. Maria II.


Como breve apontamento Histórico é importante referir que a ideia de construir um grande teatro para receber as mais importantes peças de Teatro à semelhança do que já acontecia com São Carlos para as Operas foi o motor que colocou em marcha o importante projecto de fazer nascer este importante marco arquitectónico.


Estávamos em meados do sec. XIX, mais precisamente em 1842. Chefiava o governo Passos Manuel. O chefe do governo decide entregar a Almeida Garret nomeado Inspector Geral dos teatros, a coordenação de uma comissão para a construção do mais importante Teatro do Pais.


Esta comissão entrega ao Arquitecto Italiano Fortunato Lodi a missiva de desenvolver o projecto do Teatro. Fortunato Lodi recebe o projecto Teatro D. Maria II em virtude de se ter notabilizado um pouco por toda a Itália e por se ter mudado para Portugal para junto do seu tio, o empresário e cenógrafo do Teatro de S. Carlos, Francisco António Lodi.


Fortunato Lodi fez parte da comissão de arquitectos escolhidos para desempenhar esta tarefa. Foram vários os projectos apresentados para esta finalidade sem efeito. Os arquitectos portugueses estavam ainda presos ao Pombalino e os desenhos não apresentavam o resultado que se esperava, até que Lodi desenha uma proposta com um estilo Neoclássico, moderno na época, que finalmente foi aprovado.



O edifício é construído e inaugurado em 1946, no dia em que a Rainha, D. Maria II fazia 27 anos e por isso recebe o nome da Monarca.


Nasce assim desta forma o edifício que marca a cidade de Lisboa que pontua de forma incondicional a 2ª praça mais importante da cidade.


O Teatro D. Maria II é um dos exemplares mais notáveis da arquitectura Neoclassica em Portugal.


O que define o estilo Neoclássico?


O estilo Neoclássico surge na Europa como reacção aos estilos mais ornamentados como o barroco. Passa por um regresso ao passado como o seu nome indica, Neo Clássico, o novo clássico e pretende recuperar elementos provenientes de um estilo greco Romano e Palladiana.


O Neoclássico surge na Europa em meados do Sec. XVIII, contudo a entrada em Portugal define-se como tardia, pois a Capital teve que reagir ao Terramoto de 1755.


Se olharmos para a fachada do Teatro Nacional D. Maria II encontramos os elementos mais notáveis deste tipo de Arquitectura.


De reconhecidas imponência, de volumetria quase paralelepipédica, planta retangular, ortogonal e regular, cobertura de 4 águas simétricas aos pares.


O alçado principal é marcado pelo volume avançado onde a escadaria recebe uma colunata de estilo Jónico tentando contrapor a horizontalidade do edifício, enfatizada pela cimalha sobre o segundo piso, com a verticalidade deste elemento de entrada. Remata superiormente esta colunata um frontão triangular que reforça este jogo de forças entre o vertical e o horizontal.


A simetria é outra marca deste estilo arquitectonico. O volume avançado central é ladeado pelos dois corpos iguais em espelho cujos os topos são marcados por 4 colunas Jónicas adossadas as fachadas e que dividem os 3 últimos vãos.


O edifício divide-se em três pisos marcados pelo ritmo constante da abertura dos seus vãos de dimensão equivalente, com um arco superior. No ultimo piso surgem apenas o topo dos arcos mas num alinhamento perfeito com os dois pisos inferiores.


Os pisos hierarquizam-se pela estereotomia dos revestimentos exteriores. Em pedra, na cor natural encontramos diferentes formas de aplicação. No piso inferior, o edifício é marcado pela força das linhas de junta larga da pedra e que reforçam o desenho da sua arquitectura marcando as zonas de colunas e diferenciado das zonas de revestimento. Nos pisos superiores a junta não é tão forte.


As janelas alinham verticalmente em todos os pisos, contudo entre pisos encontramos diferenças entre as várias janelas. No piso zero temos janelas de peitoril, no 1º andar podemos ver as janelas de sacada com um gradeamento de varanda. E no piso superior como se de um remate se tratasse apenas a parte curva das janelas, como que também hierarquizando os vários pisos, onde o Piso 0 marca o momento da recepção, o Piso 1 mais nobre e o último piso como o piso de menor importância.


O estilo Neoclássico tem em Portugal outros grande exemplos, como O Hospital de Santo António no Porto, Palácio da Bolsa no Porto, Palácio da Ajuda em Lisboa, Edifício dos Paços do Concelho de Lisboa- Câmara Municipal, Palácio de São Bento, Picadeiro Real (Antigo Museu dos Coches), entre outros não nomeados.


É curioso porque se olharmos para a arquirtectura Neoclassica a Norte e no Sul do País reconhecemos duas referencias distintas. A Linha do Neoclássico do Norte é mais influenciada pelos ingleses, os edifícios são mais escuros e menos ornamentados, a Sul encontramos influencias italianas e neste campo o Teatro Nacional D. Maria II é um grande exemplo.


Podemos dizer que Portugal desenvolveu um estilo próprio, que vai buscar tudo o que são os seus elementos fundamentais mas simplifica-os torna-os mais funcionais e menos ornamentados pois tinha acabado de recuperar dos efeitos do Terramoto de 1755.

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